sábado, 16 de maio de 2015

Abstrato

Recebi uma tela já rabiscada e pinceis para tentar cobrir os rabiscos que nela existiam, a tela tinha cores alegres mas um fundo de cor fria, uma mancha e pequenos rasgões, eu tentei fazer os remendos, e usei o vermelho do meu sangue pra tentar inibir a parte fria da tela e dar a ela um pouco mais de alegria, mas ela ainda parecia sem vida. Peguei meu coração e pus nela e pude ver uma cor que não era cor, um remendo feito sem cola nem linha, pois tudo isso era abstrato, tudo isso era Amor. Cuidei daquela tela como da minha própria vida, afinal de contas ela era uma parte vital de mim. Mas o tempo passou e seus efeitos começaram a danificar a tela frágil de tantos remendos, e os rasgões voltaram a aparecer, o vermelho do meu sangue se misturou aos tons frios, os rabiscos se sobressaíram e só o que restou foi o coração que continuou a bater, ora esperançoso, ora desenganado, mas sempre com o abstrato do que sobreviveu a isso tudo. O Amor. Assim é a tela da nossa vida.


Kadu Oliveira.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Silêncio!



Calar! Calar é a palavra de ordem. ''Quem cala consente!'' Quem fala sente, sente as consequências, as indecências, as indulgencias. Calar e falar é o intercalar de uma reação. Quem fala provoca, quem cala atiça, aguça curiosidade, desejo, vontade. Quem fala é ousado, quem cala é sábio. As palavras podem ferir, podem confundir, palavras são desordeiras e não percorrem linha reta, mas o silêncio é traiçoeiro, atinge o mais profundo da mente e da alma, caminha devagar, e continuamente. É menos infeliz aquele que odeia com palavras do que aquele que ama com silêncio. A palavra constrói, o silêncio destrói.

Kadu Oliveira