Recebi uma tela já rabiscada e
pinceis para tentar cobrir os rabiscos que nela existiam, a tela tinha cores
alegres mas um fundo de cor fria, uma mancha e pequenos rasgões, eu tentei
fazer os remendos, e usei o vermelho do meu sangue pra tentar inibir a parte fria da
tela e dar a ela um pouco mais de alegria, mas ela ainda parecia sem vida. Peguei
meu coração e pus nela e pude ver uma cor que não era cor, um remendo feito sem
cola nem linha, pois tudo isso era abstrato, tudo isso era Amor. Cuidei daquela
tela como da minha própria vida, afinal de contas ela era uma parte vital de
mim. Mas o tempo passou e seus efeitos começaram a danificar a tela frágil de
tantos remendos, e os rasgões voltaram a aparecer, o vermelho do meu sangue se
misturou aos tons frios, os rabiscos se sobressaíram e só o que restou foi o
coração que continuou a bater, ora esperançoso, ora desenganado, mas sempre com
o abstrato do que sobreviveu a isso tudo. O Amor. Assim é a tela da nossa vida.
Kadu Oliveira.